Produção Multimídia, Narrativas Livres e Ativismo Open-source, por Daniel Pádua
Estou extremamente feliz com o debate resultante da minha palestra na Campus Party. Espero falar mais sobre o assunto. 🙂 Assim que eu tiver algum vídeo ou áudio, publico aqui. 🙂 Valeu!
Os Incríveis Super Ultra Revolucionários atacam novamente. É a Rapidão Comics, cada vez mais totalmente feito às pressas.
Uma vez perguntei ao Daniel Duende: “Imagine um mundo ainda sem leis sobre aborto. Se uma mulher engravidasse, tendo todo o apoio e condições, e não desejasse o filho, mas o pai o quisesse, o que seria eticamente correto: continuar a gestação, e após o nascimento, entregá-lo ao pai, ou, fazer o aborto e permitir a escolha da mulher de não passar pela gestação e suas complicações?”
Eu não queria uma resposta. Queria o debate. Cheguei a brincar: “se fosse *comigo*, gostaria que a lei me permitisse ter meu filho, afinal foi feito 50% por mim“, mas de fato, seria muito mais difícil para mim decidir num caso hipotético e RARÍSSIMO como esse. Isso porque, na minha visão, o aborto envolve duas questões diferentes, mas que estão inexoravelmente ligadas:
(1) a responsabilidade pela gestação, totalmente a cargo da mãe e seus apoiadores, e (2) o direito do feto à vida e à liberdade como futuro indivíduo em potencial, e a devida criação por quem quer que seja.
Pensando a partir disso, deixo uma pergunta. Se coubesse a você escolher a quem dar o direito de interromper a gravidez, para qual caso seria: (1) o caso da garota baladeira rica e irresponsável que vai para a terceira vez abortando com Cytotec, ou (2) o caso da mulher favelada e cansada – oprimida e desapaixonada pelo marido cristão – que não quer ter o sexto filho, tão desejado por ele?
Seja qual for a sua reposta, MUITAS mulheres continuarão a abortar e MUITAS delas vão continuar morrendo, de um jeito ou de outro. Seja Pró-Vida ou Pró-Escolha, o tempo URGE por um pouco de realismo.
Cada caso é um caso. E aborto, ANTES de tudo, é uma questão de saúde pública.
(clique para ver maior)
Esse foi um ano intenso, e pra mim especialmente, foi um ano de freio e de foco. Começou infeliz, endividado e perdido, mas terminou satisfeito, centrado e disposto. Que venha mais! Até a próxima volta em torno do sol, trutas 😉
Tenho o prazer de anunciar minha nova parceria com Walter Cruz para a confeção de quadrinhos toscos com nerdices e bobagens. Tem tudo pra não durar. 😀
Como resolução de ano novo, decidi continuar o trabalho de colocar aqui todos os conteúdos de blogs anteriores (ao menos o que recuperei na Rede) desde 2001, e também digitalizar e publicar todo desenho, narrativa, idéia ou teoria maluca que eu encontrar perdida em pedacinhos de papel ou arquivos obscuros do PC. #prontofalei
Já comecei separando e limpando todos os arquivos dos blogs, e organizando TODOS os papéis achados no cafofo. Agora é aguardar. \o>
(Este post é uma resposta ao “Jornais despencam: é o papel contra o silício”, do Emerson)
Em épocas de crises sociais e busca da simplicidade, eu gosto de observar as crianças, que considero a versão selvagem do que mais tarde vira um poço de vícios, travas e hesitações.
Uma parcela enorme dos adultos perde uma capacidade infantil que considero fundamental para a evolução: a de abandonar uma brincadeira, sem remorsos, em favor de outra mais divertida. Tal distúrbio possui muitos graus e o pior deles é a criação de emblemas e estruturas para simbolizar e forçar sua expertise numa brincadeira qualquer. O que em si torna-se um brinquedo destruidor de brinquedos.
Felizmente, as gradações desta “demência lúdica” permitem que novas brincadeiras sejam criadas e largamente apropriadas pelas gerações pré-adultas – o que leva inexoravelmente à redinamização dos brinquedos adultos que já não se sustentam pela força do seu sentido, e sim pela coerção psicológica, débil e efêmera.
Apliquemos o raciocínio acima sobre a indústria do jornalismo e veremos um bando de moleques gordos reclamando e ameaçando os amigos do prédio, que, ao contrário dele, avarento, desajeitado e arrogante, agora preferem Le Parkour e criar robôs com sucata a babar em sua coleção de bonecos caros e estúpidos de alguma empresa gringa.
Ontem eu fui à minha primeira audiência pública na vida. Não que eu acredite que “exercer minha cidadania” vá mudar as coisas. Mas desta vez estão mexendo diretamente com o que eu vivo e não vou fazer como a maioria, que só reclama de forma desorganizada e preguiçosa, e sequer consegue fazer uma ligação pra um deputado. Chamei o pessoal da cultura livre que está, coincidentemente, no TEIA, e fomos lá na Câmara dos Deputados com Duende e mais uma cacetada de gente que lotou a sala, carregando cartazes e com as bocas “lacradas” com fita adesiva.
– A audiência foi muito boa para quem está contra o projeto. Sérgio Amadeu e os advogados da FGV (que foram no lugar do Ronaldo Lemos) conseguiram facilmente expôr o óbvio: que o PL foi escrito por algum espírito de porco. E isso reforçou diante dos parlamentares o posicionamento dos deputados Paulo Teixeira e Sérgio Bittar, que vêm dialogando com a comunidade de software livre há alguns meses e agora encabeçam o movimento crítico ao PL na Câmara.
– A força dos argumentos foi uma surpresa pros defensores do projeto, que acabaram soando ridículos
e despreparados – como no caso do delegado da PF (alguma coisa Sobral) – que apresentou uma história na qual a PF tinha os IPs de suspeitos de pedofilia, mas só conseguiu prender 1/5 deles pela falta de um processo jurídico adequado, e foi questionado pelo deputado Paulo Teixeira: “bom, a PF tinha os IPs, não? então se vocês já conseguem os IPs das pessoas, porque precisam desse projeto de lei?” Outro caso engraçado foi quando o Amadeu mostrou o “free stick”, um embaralhador de IPs baseado em TOR criado pela Marinha dos EUA para os jornalistas que cobriram as olimpíadas da China, e burlava o firewall da internet chinesa. “Está pra download”.
– A questão é que agora as máscaras caíram. Com a aprovação da nova lei anti-pedofilia no início da semana, a “capa protetora” do PL do Azeredo, responsável pela sua aprovação no Senado, não existe mais, e isso ficou claro na audiência. Qual é o foco de fato deste projeto? Ficou uma fortíssima impressão e minha hipótese: Os bancos não querem assumir o custo da segurança do sistema financeiro numa internet de windows bugados e usuários ingênuos, e daí veio o projeto – transferir o custo pro Estado, e ao mesmo tempo criar um novo mercado de auditoria eletrônica, no qual os vencedores são as empresas de tecnologia do setor financeiro, e a Polícia Federal, que teria as bases para um policiamento preventivo altamente sistematizado pela vigilância da Rede. Um dado que reforça esta percepção é que a Scopus, empresa de tecnologia do Bradesco, está entre os 3 maiores financiadores da campanha do Azeredo.
– Para conseguir o veto aos artigos, teremos de aproveitar a repercussão da audiência e fazer muito mais barulho e mobilização do que foi feita nesses 2 anos em que esse projeto absurdo tramita. Apesar da aparente “vitória” na audiência, a Câmara dos Deputados tem uma lógica própria, e temos de fazer parecer suicídio político o apoio ao Azeredo. Dá-lhe blogosfera e imprensa, ação direta (0800 da Câmara e contato telefônico com os deputados), flashmobs e manifestações. Ficou mais fácil expor o lobby da tecnologia financeira e queimar o filme dessa joça.
Depois escrevo mais.
Atualização 01 // A Agência Câmara reverberou as críticas ao projeto
Pense acerca de.