Produção Multimídia, Narrativas Livres e Ativismo Open-source, por Daniel Pádua
“Como Arquitetura de Informação entrou na sua vida e como foi o início nesse trabalho?
(…) Trabalhei como web designer por um bom tempo, até trabalhar com a pessoa que viria a me introduzir em todos esses conceitos sobre Experiência do Usuário, meu guru Daniel Pádua, um cara ao mesmo tempo insano e brilhante. Daí pra frente meu interesse só aumentou e passei a estudar sozinho sobre conceitos e técnicas de usabilidade. (…)”
Entrevista com Eduardo Loureiro, arquiteto de informação (e fotógrafo, entre outras coisas menos honradas hehehe) que foi meu estagiário no UNIBH e hoje chuta muitas bundas no mundo dos teleiros. Valeu essa menção caô de guru e tal, Minhoca, mas o lance é que tenho muito orgulho de ver você expandindo os horizontes nos domínios míticos da Grande Tela. \o>
Depois de uma semana atribulada aqui na EBC, com a publicação da nossa cobertura especial sobre o FSM 2009, finalmente pude sentar e organizar o material que gerei durante a Campus Party 2009, que ocorreu no enorme Expo Imigrantes, em São Paulo.
Foram 7 dias numa maratona de atividades, e se não fosse a minha escolha por ficar no hotel dos palestrantes (aliás, o tratamento que nos deram foi de primeira), talvez eu não tivesse dado conta. Participei da edição de 2008 (na Bienal), de onde saí satisfeito e querendo mais. Esse ano, fui convidado pelo Leo Germani para palestrar no Campus Design sobre minha experiência como designer de interfaces e produtor de cultura livre – palestra que acabou superando as minhas expectativas e ocorreu bem no meu aniversário. 🙂 Além disso, fui participar do encontro da rede metareciclagem, que há anos planejava um encontro nacional de qualidade. Neste caso, a Campus Party foi fundamental para viabilizar. Pontos altos da minha participação por lá:
– tudo do encontrão de metareciclagem, com destaques para a oficina permanente Bits e Volts na Unha, do glerm e simone, e a tão esperada oficina de mitoreciclagem do meu irmão Daniel Duende
– oficina de wearable computing, da Mika e Hannah, pesquisadoras da Kobakant (Áustria), responsáveis pelo estande Massage Me, na exposição Telefônica Futuro
– palestra sobre Teleiros gerou um debate sobre carreira, frustração criativa no mercado e insegurança dos clientes
– movimentação do Partido Pirata e o debate sobre os caminhos do ciberativismo brazuca
– meu aniversário no encontrão de metareciclagem 🙂
Mas a sensação final desse ano foi de sobrecarga. Muita confusão informacional, visual, sonora e interativa, no evento que melhor representa a cultura de rede no Brasil hoje. Existem vários pontos em que a mudança do espaço atrapalhou os organizadores. Na minha opinião, não comprometeu o evento, mas devem resolvidos pra que essa festa continue sendo uma oportunidade única ano após ano para fortalecer as articulações das várias frentes que fazem a Internet brasileira. Espero estar lá em 2010. 😉
Abaixo, além do zilhão de fotos que tirei com a câmera da Yaya, organizei meu relato – antes, durante e depois do evento. 🙂 Que seja de utilidade para vocês. \o/
a) Expectativas iniciais
b) Minha palestra sobre design de interfaces aliado à cultura livre
c) Galerias fotográficas:
– encontro em geral, feira e exposições, o hotel onde fiquei
– encontrão intergalático de metareciclagem (papo sobre impermanência, oficina de mitoreciclagem, oficina de wearable computing)
– encontro wordpress-br
– debate sobre PL do azeredo, debate sobre ciberativismo
– debate sobre pornografia na Internet
d) Identificando algumas tretas
Infra-estrutura
– Falta de sinalização adequada: em 2008 sabíamos mais ou menos onde estavam as áreas. Nesse ano, a ausência de placas/totens deixou o espaço muito mais confuso.
– Custo/benefício da alimentação: +/- 7 reais por refeição. Em alguns dias, a comida não estava boa e preferíamos lanchar na praça de alimentação (extremamente cara, por sinal).
– Problemas no camping: chuveiro frio, guarda-volumes muito distante da entrada, falta de algum tipo de monitoria e “animação de grupos”, para promover interação dos campuseiros.
– Falta de anteparos laterais nos palcos de palestra deixa o som vazar demais para os palcos próximos.
– Falta de latas de lixo (especialmente recicláveis) em TODAS as bancadas.
– Obstáculos demais entre as bancadas: dificultando a passagem das pessoas e a socialização entre elas.
Atividades
– Sarau digital no meio da lan e colado no acampamento: ninguém tinha paz para navegar nem para dormir. Quem queria curtir o show, não podia beber, xavecar, nem nada.
– Debate sobre lei de cibercrimes poderia ter entrado para a história com a participação direta da sociedade (o que faltou à audiência pública): o evento foi interrompido pela presença do governador em exercício próximo ao debate.
– Uma das principais atrações, o ano internacional da astronomia foi retirado do evento, mas continuou na divulgação.
Organização
– Falta de um “guia de boas maneiras” da cparty: muitos campuseiros estúpidos e desrespeitosos.
– Alguns espanhóis da organização foram muito mal-educados: vários relatos de autoritarismo e grosseria.
– Hipocrisia em relação a bebidas e sexo: numa festa as pessoas bebem e ficam. Há de existir uma forma de criar espaço para isso.
– Equipe e estratégia de segurança confusa e ineficiente: houveram muitos furtos.
– A circulação de menores no evento foi criticada por muitos.
(todas as fotos por Daniel Duende)
~ Debate sobre o Projeto de Lei de Cibercrimes na Campus Party 2009 (foto: Tatiana Reis)