A arte perdida do nomadismo lúdico

21 Nov
2008

(Este post é uma resposta ao “Jornais despencam: é o papel contra o silício”, do Emerson)

Em épocas de crises sociais e busca da simplicidade, eu gosto de observar as crianças, que considero a versão selvagem do que mais tarde vira um poço de vícios, travas e hesitações.

Uma parcela enorme dos adultos perde uma capacidade infantil que considero fundamental para a evolução: a de abandonar uma brincadeira, sem remorsos, em favor de outra mais divertida. Tal distúrbio possui muitos graus e o pior deles é a criação de emblemas e estruturas para simbolizar e forçar sua expertise numa brincadeira qualquer. O que em si torna-se um brinquedo destruidor de brinquedos.

Felizmente, as gradações desta “demência lúdica” permitem que novas brincadeiras sejam criadas e largamente apropriadas pelas gerações pré-adultas – o que leva inexoravelmente à redinamização dos brinquedos adultos que já não se sustentam pela força do seu sentido, e sim pela coerção psicológica, débil e efêmera.

Apliquemos o raciocínio acima sobre a indústria do jornalismo e veremos um bando de moleques gordos reclamando e ameaçando os amigos do prédio, que, ao contrário dele, avarento, desajeitado e arrogante, agora preferem Le Parkour e criar robôs com sucata a babar em sua coleção de bonecos caros e estúpidos de alguma empresa gringa.

3 Responses to A arte perdida do nomadismo lúdico

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Bicarato

novembro 21st, 2008 at 15:46

Sapolino, mais um pequeno e breve relato sobre o olhar infantil:
http://alfarrabio.org/index.php?itemid=2992
Abraçãos, camarada =^)

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cyntia

novembro 21st, 2008 at 15:59

é… c’est la vie.
mas esse cenário uma hora vai ter que mudar.
acho que a inclusão digital ainda tá muito longe de atingir a massa brasileira e, enquanto isso não acontece, vamos continuar com o papel.
por outro lado, quem lê (ou lia) jornal impresso é a mesma galera que tem certo nível de instrução, poder aquisitivo e acesso à internet.
então fica a dúvida: quando é que vamos mudar, hein?

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Daniel Duende

novembro 21st, 2008 at 16:07

Acho que a coisa é bem por aí…

O que me lembra que eu tenho que re-re-retomar (de novo) meu blogue, que novamente andava abandonado. É muita coisa ao mesmo tempo, e a brincadeira de blogar andou ficando em segundo plano…

Abraços do Verde.

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