Produção Multimídia, Narrativas Livres e Ativismo Open-source, por Daniel Pádua
Eu ainda não tinha comentado nada, mas criamos o blog do Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, enquanto o site mesmo não fica pronto… Tem vídeo por lá, aliás. =D E nessa foto aí embaixo, tem eu! hehehe se vira pra encontrar, caboclim…. (mais pra esquerda. hehe)
Há algum tempo sinto uma angústia pela certa pobreza sensível que estava estagnando a metareciclagem. Hoje, depois de longa conversa com o Dalton e o Felipe, percebemos que a sensação de compartilhamento
precisa tornar-se mais relevante nas ações, se não central. A revolução
é sensível, e como um primeiro passo na vivência lúdica de um
imaginário nosso, a descoberta xamânica do sentido mítico que une os
metarecicleiros. Assim, de repente, Maina reapareceu. A heroína
nartisan que nunca me deixou. Do fundo do baú, tirei um trecho do folclore da terra-fogo-raio-luz-água-ar:
Maina sempre gostou de tardes inocentes sob o céu cobre
do mundo industrial, por mais terrível que fosse seu significado.
E naquele dia, surpreendida pela brecha azul enorme
que se abriu sobre a Terra da Matilha, o sabor da inocência
veio acompanhado de todo o peso de sua jornada…
Os anos em Laura, aprendendo diretamente com o velho Carlos,
a terra livre aniquilada por agentes da Mercante,
sua doce Liana assassinada na fuga para Outono,
a miséria da ocupação nartisan em Santo Paulo,
os meses como prisioneira dos Cães,
sua primeira transfiguração, o cheiro apodrecido da
Polícia Sensível, o Levante de Agosto em Santo Paulo,
escapar dos muros da cidade, fugir, fugir, fugir,
os olhos da Matilha no horizonte, a paz anciã dos nartisan
emanando firme da sua pele de lobo…
Aquele céu era o sinal que esperava há semanas…
a brecha enorme com o sol no meio… suas respostas
estavam nas águas do Lago Apolo.
Na manhã seguinte, o corpo marcado de cicatrizes da
Mãe Loba submergiu… da superfície para o fundo de
algum espelho.
Observe com atenção ao seu reflexo.
FIM
OBS.: {o desenho acima não é Maina, mas é de uma tal Maina}
O Espinafre de Yukiko, de Frédéric Boilet. Próximo item pra coleção de quadrinhos.
Segundo a UniversoHQ, “a história desta obra se passa na capital japonesa. Um quadrinhista
francês, que pode ser o próprio Boilet, se apaixona por Yukiko, uma
garota como outra qualquer, mas que se torna sua musa inspiradora. A
aventura o deixa cada vez mais envolvido por ela. Cada vez mais ele
conhece o corpo e os traços de Yukiko, quadro a quadro. Mas quanto
tempo a sutileza de um romance pode durar numa grande metrópole?“
É como se alguém tivesse quadrinizado dois ou três dos meus
relacionamentos. Encontrar uma arte que captura tão bem o olhar
apaixonado de um homem (e tão próximo do que entendo como meu sentir
apaixonado), num dia em que acordei depois de um sonho na praia com
ex-namorada cacheada de cabelos compridos, e passei conversando com minha ex-mulher…
Seriam os filhos da metrópole craques em abrir mão de pequenas
felicidades com potencial duradouro por uma jornada mutável de
auto-conhecimento e trabalho? Talvez eu seja marcado por essa sina.
EU NA INTERNET // Abandonei o orkut. Não tenho como acessar de lugar
algum, não tenho paciência para limpar a torrente de spams. E cansei de
ser figurinha no álbum dos refugiados sensíveis, temerosos de descobrir
o outro, que, no caso, sou eu. Se você quer me conhecer mesmo, me
escreva, me encontre. Provavelmente vocês me verão menos na Internet,
não só pela falta de acesso doméstico, mas porque meu pensamento tático
está cada vez mais voltado pra dinâmicas sensíveis ricas como maneira
de cultivar compartilhamento, especialmente através de mídias de baixa
tecnologia. O computador é uma solução perigosa – facilita relações,
mas nos amarra a sua complexidade. Compartilhar precisando do mínimo: como fazer?
TROVADORES DE IMAGINÁRIOS // Duende, Tico e eu vamos nos apresentar no Mundaréu
(um festejo de remix começado pelo Movimento de Arte-Educação de
Brasília, que pretendo contaminar com os princípios dos festejos de
imaginários) nesta sexta, à meia-noite. Tico batuca, Dpadua toca violão
e canta, Duende declama. Entoações para libertar imaginários e retomar
a efervescência mítica humana. O tema desta apresentação: a instituição é o imaginário dos covardes.
SEU ESTRELO E O FUÁ DO TERREIRO // Estreei no batuque no Seu Estrelo
(!), tocando o gonguê, na sexta passada, na festa SOS Picadeiro. O gonguê,
na tradição de terreiro, é o Ar, o elemento de ligação entre a Terra e
o mundo dos espíritos. É uma felicidade tão minha, que quase não
transparece. Próximas apresentações: dia 14, em frente ao Ministério da Cultura, dia 29,
na festa anual do calango voador (Samba Pisado em Terreiro Estrelado),
junto com a congada de MG e o maracatu de Recife. E pra fechar, comecei
ontem nas aulas de circo… subi pela primeira vez no tecido e no
trapézio, e foi como me sentir em casa. A rua é a minha casa.
REMIX EM MUTIRÃO // Todos esses movimentos que colocam o “livre” na
frente estão defasados em termos de auto-percepção. Já temos as
ferramentas e os espaços para viver dinâmicas livres. A questão agora é
preservar o que foi conquistado, disseminar mais ações e desvendar o que há de livre nas coisas que já fazemos. Interessantemente, Metareciclagem continua fazendo todo o sentido.
A revolução é sensível. Que um vento me leve.
Eu e o Metal ouvimos na íntegra o CD Gates of Metal Fried Chicken of Death, da maior banda de metal do universo. Vai lá e pira. Destaque para Let’s Ride To Metal Land (The Passage R$ 1,00). Maravilhoso.
Entregue ao trabalho
Poesia dissolvida
Por tudo e por nada
Vive-se preguiça
Pra quem está acompanhando a andarilhança, digo que o cerrado tá quente,
viu. Durmo todos os dias pelado e acordo com litros de água a menos,
fora as picadas de pernilongo. Choveu bastante uma noite inteira, uma
vez (na ocasião inclusive acordei com a bela névoa das poças
vaporizadas no asfalto macio de Brasília…). Mas parou. Secura absurda
na savana. Que os algodões escureçam no azul do céu.
Meu coração passou pelo brilho da paixão uma vez, mas foi só um
rasante. Balançou a estrutura do prédio, sim, mas complicações nos
motores das aeronaves impediram acertar do alvo. Enquanto isso, num
plano maior, algumas ilusões urgem por serem desfeitas, enquanto outras
histórias querem ser sólidas como concreto.
Estou trabalhando feito mula em dois movimentos. A articulação para o conhecimento livre, e a vivência da brincadeira livre. Agora eu toco gonguê no Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, trabalho efetivamente pela plataforma agregadora xemelê, preparo o terreno para nomadizar mais uma vez. Nunca tive tanta certeza de pertencer à estrada.
Saudades de muita gente. Nenhum dinheiro, como de costume. Sem
Internet, sem computador, sem telefones. Agregante em paz. 🙂 Mas há
turbulência em vista.
OBS: Não sei se notaram, mas saí do Orkut. Contate por email, mizifi.
Negroponte mostrando o desenho conceitual do Laptop de U$100. Móvel, barato, à prova de choque, recarregável manualmente
e de design versátil. E ainda dependemos de desktops.
Será que eu sou o único designer de interface frustrado com computador?
Não inventei essa não.
A Fulla vende mais que a Barbie nas Arábias. (em inglês)
De uma nova maravilha
Aquele encanto impossível
Tão real no miolo da alma
E houveram planos
Os ditos e os secretos
Os comuns e os seletos
Roda viva em direção ao imprevisto
Que um coração fechado
Desfez por egoísmo
Poeira subiu, maré amansou
Ficaram dois
Partes diferentes do mesmo deserto
E o cheiro do outro como guia entre dunas
Onde houver reencontro
nascerá uma margarida
chamada Madalena
Ah, sim
Olhos grandes
Espírito que queima
Sorrisos que adubam jardins
De flores vivas e falantes
Cheia de doces momentos em dias inquietantes
Por algum motivo, senti saudades do meu cabelão spikepadua.
Sim, no fundo é o Duende na clássica performance de metal gordinho. 🙂
Quando o sono é mal dormido
O mundo vira estática
Fica impossível, distorcido
E você, folha quase solta
Presa só por uma beiradinha
À tal árvore da vida
~ encontrado no blog da Babi