Produção Multimídia, Narrativas Livres e Ativismo Open-source, por Daniel Pádua
A maior parte dos universos míticos/heróicos capitalistas são
propriedade de algumas empresas (norte-americanas em marioria: estúdios
de cinema, fábricas de quadrinhos, editoras, estúdios de animação,
empresas de RPG, etc.). Imaginários contemporâneos com os quais
desenvolvemos laços míticos que moldam nossos valores e sensibilidade e
norteiam a ficção da vida que queremos tornar realidade através do
trabalho coletivo. A fama, a invencibilidade, a autoridade, o poder de
muitos sobre poucos e o lucro são exemplos desses valores, sempre
contextualizados pelo “culto à nação”.
Fico pensando se alguns desses universos fossem reescritos. Os X-men
não formariam apenas uma milícia-escola, mas um mutirão
lúdico-pacifista, com o objetivo de desarmar os governos mundiais e
promover a miscigenação mutante-humano, através de festas e outras
mobilizações civis cooperativas. Com o seu poder da mente quase
ilimitado e com a ajuda do “Cérebro”, Charles Xavier poderia mapear
mutantes sensitivos e formar com eles uma organização rastreadora de
tensões. Onde o pau estiver pra quebrar muito seriamente, os X-Men vão
lá e fazem uma festa de arromba. Heh, por aí. =D
Aliás, material pra quem quiser brincar: lista quase completa de mutantes da marvel.
Minha árvore no Seu Estrelo. Pra variar, estou empolgadão com a vida hoje. Além disso, achei um blog muito fuderoso. Entre outras coisas.
Mais informações no próprio episódio.
Agora oficialmente trabalho três turnos, pra ver se, além de
toda a enrolação e dispersão poética cotidiano, consigo fazer mais
dinheiro. A pena é que detesto criar pra finalidade mercantilista. Por mim era só
brodagem. :/
Era uma vez uma certa menina que de tempo em tempo apreciava o próprio entardecer.
Ela era feito de vento, sim senhor, e carregava para todos os lados as
cores das flores que roçava em seu rodopiar. No início da noite, ela
soprava sobre os seus mais queridos, e sob seus pés, flores brotavam.
Flores parecidas inclusive com charmosos gatos alados.
O universo conspira quando fluimos no que queremos. Depois de muita correria no trabalho, enfim chegou mais um integrante no bando xemelento do Ministério da Cultura (Magnon. Na fotinha acima, à direita), teremos o prazer de trabalhar com a artista Thais Ueda (fotinha, à esquerda) nos novos layouts do Minc, Fundação Palmares e Programa Monumenta, consegui finalizar alguns serviços pendentes, e ainda há uma perspectiva real de compensar
um vacilo que dei no ano passado (outro dia eu conto). E como se não
bastasse uma relativa paz no trabalho, amanhã recebo em casa uma certa
bailarina esvoaçante, pra passar o feriado comigo. Que venha o ensaio
do Seu Estrelo, passeios, conversas e tranquilidade.
“Se 4-4=0 e 5-5=0 então 4-4=5-5 onde 4x(1-1)=5x(1-1). Corta as igualdades e da se 4=5, então 4=2+2 que é igual 5.” Segundo o irmão do Metal, é.
Neste exato momento, o governo federal está comemorando a entrega da Ordem do Mérito Cultural,
no Palácio do Planalto. Além dos zilhões de artistas e figuras
interessantes que estarão por lá, haverá uma apresentação da
maravilhosa banda Mundo Livre S/A. Show que, inclusive, eu perdi ontem à noite no Arena.
Tudo isso está acontecendo há menos de um quilômetro daqui e eu fui
convidado para participar. Não poderei sair daqui, entretanto, todavia,
contudo. Qual o penhasco mais próximo, pra que eu possa me jogar de lá
do alto?
ATUALIZANDO // O Max veio aqui me
dizer que passou metade da festa sentado com os caras do Mundo Livre,
tomando todas e pirando na vida. Depois, negada ainda se reuniu no
hotel dos artistas convidados e a baderna foi geral all night long.
Alguém me chuta.
Acompanhando a rebelião civil na França.
Também acho que o buraco deve ser muito mais embaixo… “civilizações” não se
desestruturam assim do dia pra noite. Enquanto lembro do filme Invasões Bárbaras, pergunto: alguém sabe de site, blog, fotolog, levantado pelos manifestantes?
ATUALIZANDO 2 // O óbvio vem à tona: as ações noturnas de quebra-quebra são flash-mobs organizados por mensagens de texto em celulares, e usando weblogs como apoio.
ATUALIZANDO 1 // Encontrei no UOL um ótimo artigo
introdutório sobre o levante.
E, ontem, tomei uma cerveja com o Jefferson, um amigo
daqui de Brasília que acabou de retornar da Espanha, e também acha que
a coisa toda gira mesmo em torno da coibição do multiculturalismo e da
“miscigenação econômica” nos Estados do Bem-estar Social
europeus, e mais especificamente na França, as manifestações de
preconceito da sociedade (principalmente o governo) contra os grupos de
jovens suburbanos filhos de imigrantes (africanos e árabes).
Agora, pense numa renca de jovens “bastardos” franceses (filhos
de imigrantes) não-tão-ignorantes sem oportunidades decentes de ascesão
econômica tentando perceber a França como sua própria nação. Agora, pense que, por toda a dificuldade, eles só tenham a seus bandos como espaços de vivência realmente fraterna. Agora,
pense a França descarregando sobre seus enclaves sociais todo tipo de
preconceito e pressão política, como maneira de aliviar sua
incapacidade de absorver saudavelmente os fluxos migratórios que não
páram de crescer? E de repente, alguns episódios de violência parecem
violar o mínimo de respeito mútuo que havia sobrado entre estes jovens
e as autoridades? Fi, na França, nego sai é na porrada. E nesse caso, a
coisa tem um ar separatista até.
Isso tudo me lembra Akira.
O festejo anual do Seu Estrelo, comemoração de aniversário do calango voador, foi lindo. Valeu cada segundo suado dos últimos dois meses de mutirão. Mas minha mãe
teve um espasmo de esôfago durante a festa – trafegou no mundo
espiritual para me proteger e voltou. Pedi um tempo, e fui a Belo
Horizonte, ficar apenas com a família, incluindo minha linda meia-filha Lelê,
que passou o dia dos mortos no meu colo, desenhando e inventando
histórias. As meninas continuam expandindo ações e transpirando poesia.
Papai está quase com 60 anos,
guerrilheiro como sempre, e me passou todo um conhecimento oculto que
deixei de saber por mais de 20 anos. Agora as coisas devem se
normalizar. Saudade de todos eles, lá entre-montanhas.
Fui ao Rio de Janeiro, na
trilha da intuição, e descobri uma alma entregue,
entre biscoitos, sorrisos, e areias. Depois de
tanto sucatear a inocência, é pacificadora a sensação de poder
recomeçar. Cada um faz a
estrada que realmente quer, com ou sem medo, com ou sem espera. Escolho
deixar todos os fragmentos e seguir. Digam sim que devo ser realmente
dado a saltos suicidas, mas pela falta de temor pela morte, continuo
descobrindo. Foi a primeira vez que dancei dormindo.
Cara, estou muito agitado aqui. Hoje fomos capa do Correio Braziliense, que é o principal jornal em
circulação na cidade, e ganhamos uma matéria de página inteira no
Caderno de Cidades. Ainda estou impressionado com a qualidade da matéria… rolou uma emoção ao ver lá escrito que o mito
do calango voador é o “(…) primeiro folclore típico do cerrado”. Caraca. Quem tiver como ler, leia! 😀
E depois de dois meses de muito trabalho e fé, a festa anual do Nascimento do Calango Voador
acontecerá neste sábado (29) na Torre de TV, em Brasília, com a
participação das tradições que forjaram a brincadeira popular do Seu
Estrelo e o Fuá do Terreiro. Para facilitar a percepção do que é o Samba Pisado e o Mito do Calango Voador, publicamos um guia passo-a-passo de como imprimir um cordel com o mito,
para sair distribuindo mundo afora por conta própria. 🙂 Imprima seus
cordéis e não deixe de aparecer na festa (panfleto abaixo). Vai ser
inesquecível!
Astronomy Picture of the Day. Muitos pingos e rabiscos luminosos no pano preto do céu… talvez algum sirva de papel de parede 🙂
Ontem, depois de assistir AKIRA às 2h na casa do Duende, voltei caminhando na noite silenciosa e rarefeita de Brasília… a lua
pendia laranja, como um biscoito mordido. Recortes enevoados teto afora
transformaram os guetos entre-blocos em pequenas e assustadoras
Transilvanias. E tive a sensação de ser só um cisco andante sobre uma
pedra ovalada, ensopada de fungos cósmicos e água. Um cisco de coração
enjoado das chaturas dos adultos. Na cama, dedilhei cordas pensando
numa pequena bailarina, e desejei mais pincéis e telas, mesmo da casa
precisando é de vassoura, água e sabão.
Cada Pequeno Príncipe tem o planetinha que merece.