~ encontrado no blog da Babi

Aquela passagem entre duas pilastras virava magia quando eu pensava
em seguir para outro mundo, já que a luz de três sóis me é mais
agradável quando chove no concreto. Perdia rumos com tanto vai-vem de
cores e cheiros, e o frio na barriga de ver aquelas fenixes gigantes
voando baixo, jogando sombra na beira do vale, os animaizinhos de três
caudas se abraçando e grunhindo boquiabertos… e até os peixes
quadrúpedes do Lago Invertido galoparam com mais afinco sobre a água
verde. Eu, bobo que só, tentei virar areia, permear o solo, pra que os
monstros alados sequer me fareijassem… mas eu-areia entrei fundo
demais na terra, não consegui mais me ajuntar. Dois dias depois da
primeira chuva floresci como cogumelos brancos,
que cresceram vertiginosamente, até a altura de pilastras. Parte de mim
ainda passeia entre as colunas que eu mesmo ergo no campo azul do sonho.