Maina sabe desenhar

18 Oct
2005

Há algum tempo sinto uma angústia pela certa pobreza sensível que estava estagnando a metareciclagem. Hoje, depois de longa conversa com o Dalton e o Felipe, percebemos que a sensação de compartilhamento
precisa tornar-se mais relevante nas ações, se não central. A revolução
é sensível, e como um primeiro passo na vivência lúdica de um
imaginário nosso, a descoberta xamânica do sentido mítico que une os
metarecicleiros. Assim, de repente, Maina reapareceu. A heroína
nartisan que nunca me deixou. Do fundo do baú, tirei um trecho do folclore da terra-fogo-raio-luz-água-ar:


Maina sempre gostou de tardes inocentes sob o céu cobre

do mundo industrial, por mais terrível que fosse seu significado.

E naquele dia, surpreendida pela brecha azul enorme

que se abriu sobre a Terra da Matilha, o sabor da inocência

veio acompanhado de todo o peso de sua jornada…

Os anos em Laura, aprendendo diretamente com o velho Carlos,

a terra livre aniquilada por agentes da Mercante,

sua doce Liana assassinada na fuga para Outono,

a miséria da ocupação nartisan em Santo Paulo,

os meses como prisioneira dos Cães,

sua primeira transfiguração, o cheiro apodrecido da

Polícia Sensível, o Levante de Agosto em Santo Paulo,

escapar dos muros da cidade, fugir, fugir, fugir,

os olhos da Matilha no horizonte, a paz anciã dos nartisan

emanando firme da sua pele de lobo…

Aquele céu era o sinal que esperava há semanas…

a brecha enorme com o sol no meio… suas respostas

estavam nas águas do Lago Apolo.

Na manhã seguinte, o corpo marcado de cicatrizes da

Mãe Loba submergiu… da superfície para o fundo de

algum espelho.

Observe com atenção ao seu reflexo.

FIM

OBS.: {o desenho acima não é Maina, mas é de uma tal Maina}

2 Responses to Maina sabe desenhar

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lady bug

outubro 19th, 2005 at 7:58

depois dos últimos e-mails não consigo não tentar imagina-la na sua Maina.
😉

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imaginante

outubro 19th, 2005 at 23:44

a gente se torna a criatura fantástica que deseja ser. :*

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