Produção Multimídia, Narrativas Livres e Ativismo Open-source, por Daniel Pádua
Tem tempos de recolhimento em que o contato com seu universo interior
cobre de plástico o resto da realidade… um luar parece sonho, as
ondas num tecido soprado ao sereno dão a impressão de vida própria. Os
sorrisos que te jogam são belos e uma ternura neles envolve. Estou um
pouco assim, olhando para o filme da vida, sonolento. Falta pipoca.
Uma vez eu disse pra Elisa que confiava no bom gosto dela… por causa
dele, acabei viciado em Orchestra Baobab, por exemplo. E agora vendo essas bonecas
lindinhas… *suspiro noturno* depois de ver o especial do Chico Buarque na Band. É poesia demais. Não dou conta, choro.
Aliás, esse fim de semana foi uma avalanche… trupe do Gesac na sexta,
Movebsb no sábado (perdi a Frenética de tão quebrado) e ainda pude conhecer a Andressa, minha vizinha do
grupo de mestiçagem cultural Seu Estrelo. Amanhã tem reunião com a gurizada. E lá vou eu tecendo minha redinha colorida mundo afora…
E mais imaginantes catadas na teia… Mariana Newlands (que aliás já vejo na web desde a WDdesign), Paula Foschia, Mariana Massarani, Corina Radcliffe, Sarah Cihat, Claire Nicolson e Kerstin Svendsen.
Minha família agora está conectada rapidamente à Rede, lá em BH. 😀 Já já minha mãe terá um blog! hehehe 😀
Até ameaçado de morte gratuitamente eu fui hoje. Mas pelo menos encontrei Maria, e a despedida foi num abraço sob o sol… 🙂
O efeito do novo disco do Nine Inch Nails
foi cambalear. Incandescente, bêbado, perdido. Batidas sujas de som
agressivo, cuspido por renegados. Mas rica em melodia. Doçura
comunicada para aqueles que conseguem entender a falta de sentido. Um
momento simples, num ateliê cada vez mais vibrante, pra lembrar a vida
que pulsa no tecido que me forma. Ferido, sim. Mas eu uso a minha dor.
E aos poucos o absurdo deixa de ser significante.
Dica da superheroine do underground brasiliense, Jenny Choi. Próxima parada do sapo… Kingdom Comics! Quer dizer, quando tiver créditos monetários da República Federativa do Brasil :S
Aliás, não vou mais pra Belo Horizonte. Além dos dinheiros que
preciso conservar bem quentinho no meu bolso enquanto a grana da
logomarca não sai (se tivesse, eu juro que ia), vou na Frenética ver de colé dessa mestiçada calanga subterrânea.
~ Foto por Fauxtographer
Novo do White Stripes + Novo do Nine Inch Nails = vontade de ficar louco. Essas paredes estão meio chatinhas hoje. Será que eu explodo? heheh aluguei Nina e Blade Runner Director’s Cut.
Não sei se vou pra Beagá ou se fico pra ir na festa da Jenny. É
aniversário de conhecido, caralho a quatro. Queria dançar. Landscape
abre às terças?
I Levantamento da Rede Metarecicleira. Correria para tentar entender quem somos, de onde viemos e o que estamos causando na sociedade.
Felipe me passou a página de um curso em Interface Digital do SENAC,
aqui em Brasília tem um curso superior de Interface, só não lembro em
que porra de faculdade era… e acho que deve ter alguns outros
espalhados por aí.
O lance é que interface é mato. Nego acha que existe uma “excelência” no desenvolvimento de interfaces, mas não é isso. O buraco é mais embaixo.
.
Esse
era eu em São Paulo, antes de sair em disparada. Pontada de
sei-lá-o-quê. Vou chorar um choro calado. Tem algo quente e denso que
ficou pra trás na minha vida.
Bia e xSl4v3 estão na Índia, levando a Metareciclagem pra lá, através do Sarai.
Hora de escrever mais. Tá. Eu não tô conseguindo escrever
nada. Fuck. Enquanto isso, estou às 1h na solidão do cafofo, ouvindo
uma webradio de downtempo na Odeo. Mil pensamentos. Mensagens no celular. Comi um hamburger tão gostoso. Li a reportagem sobre a minoria cigana brasileira na Carta Capital, e fiquei pensando… ser nômade é pra quem tem culhões. As paredes da minha casa clamam pelas listras multicores e um pouco de poesia visual. Bia na Índia.
Fumaça no ateliê… tudo limpinho, tudo organizado. Por fora. Aqui
dentro continua uma zona. “Sem vergonha”, esse cara de sapo. Sai
dizendo o que sente na Rede. Suicide Girls. Um gole de rum? Não sei. Amanhã é outro dia. Mil compromissos. Ao leste eu sei de uma praia tão serena… mudar de contexto, mudar de enlace.
Errei os passos? Que droga. Que confusão… a cama arde de tão fria.
Hoje vou dormir na sala. “Tem Jô Soares na tevê”. Derreter meus miolos… E o roteiro? E as terras livres?
Todos os laços parecem pontes corroídas. Saul? Radiozinha caótica
essa… muito boa. Fecho os olhos e danço no escuro. É como se ainda
pudesse ver esmeraldas sibilando de afeto. Merda. A vizinha geme ao
lado. Beber uma fanta laranja e sentir o calor de um colo já ajudaria
muito. Já seria o paraíso pro repouso de uns feixes de lágrimas. Será
que toda noite vai ser isso? O passado me visitando com seu aparato de tortura. Um pouco de agora seria maravilhoso.
Comecemos com um copo d’água e um bocejo bem honesto.
“A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade..
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.”
~ Carlos Drummond de Andrade
Às vezes eu acho que estou ficando louco. Não é possível que uma
relação acabe assim. Não dá pra acreditar que a melhor amiga dela
tenha sido chutada pro alto desse jeito. Não há nada a não ser absurdos
nessa história. Cadê a alma dessa criança??? Absurdos,
covardia, desculpas dúbias e desespero. Enquanto ela se declara uma
alma “em construção”, sentada na sensação de que saiu “por cima”, meu
coração vive esse nó maldito, me prendendo a uma vivência que eu não
quero mais. Eu estava bem. Estava na minha, respeitando a decisão de
isolamento (que eu tive de fazer vir à tona em função da covardia
dela), e torcendo pra que ela voltasse renovada, disposta a tecer
instante por instante de um novo companheirismo. E de repente, por
causa da ansiedade e de uma interpretação completamente insana do acaso
de trombar com uma pessoa querida, a decisão de romper veio com a
loucura justificando a covardia. Que merda!!!
Eu perdôo tudo muito fácil, mas preciso esquecer… preciso me libertar
da saudade e impedir o ressentimento de me deixar mais amargo. Preciso
substituir a raiva pela pena compaixão.
(OBS.: Talvez, se eu me relacionar com alguém que não seja tão parecida comigo, eu me foda menos.)
E a caminhada começou tardia, às vésperas de um verão imprevisível.
Flores de esperança, banhadas nas lágrimas dos que ficaram, foram o
veludo que cobriu sua nave, um bólido dos mais simples, que
internamente exalava o perfume amadeirado da coragem. Coração tenso por
tempos na trincheira. Ouço um barulho, como água. Muita água. Olho por
cima das barricadas e vejo o rio da minha vida destruindo a paisagem. É
hora de morrer a morte liquefeita do próprio fluxo. É hora de chorar e
regar jardins das lágrimas que gotejam através do meu sorriso. É
hora de aniquilar o tempo com o piscar de olhos enfeitiçado… tal
portal para o agora, decorado por entalhes ancestrais… a Verdade do
Ser esculpindo no crepúsculo… sua longa cauda avermelhada e seu rosto
de lince. Mergulhado na torrente devastadora, sou capturado e devorado
pela criatura mestiça. Perco carne. Ganho alma.
A história de Loloobrigida ainda faz as células vibrarem no corpo
autômato onde me encapsularam. Saudade daqueles vôos solitários, de
trocar de pele. De Maina a Donovan. De homem a fênix. De sexo a teatro.
Um selvagem estará à solta pela manhã, espumando.