Produção Multimídia, Narrativas Livres e Ativismo Open-source, por Daniel Pádua
O Interney veio me dizer que está rolando um papo na blogosfera sobre a falta de comunicação entre blogs (nego não comenta no blog de um, que não comenta no blog do outro, etc.). E eis que me deparo com esse post do Pilger onde ele me chama de "gênio". Fala sério, Pilgão, eu sou só um palhaço do circo sem futuro. 😉 Mas eu concordo que ninguém parou de conversar… só mudaram as praças. Se blog não continuou na ascendente, é porque lhe falta alguma coisa.
[[image:tigrao-stallman.png::center:0]]
O lance é que eu ainda não desisti. Meu tesão aqui é a plataforma agregadora (xemelizada e tudo mais)… justamente porque ela poderá voltar pra sociedade. Essa é a minha perspectiva. Mas às vezes sinto tudo tão distante. E aí você tem o Conversê com cara de SAC dos pontos de cultura, vejo o Overmundo virando uma rede, ainda centralizada demais, de cultura do Brasil. E não vejo ninguém fazendo o óbvio: descentralizar, integradamente, a infra-estrutura de um projeto cultural mais amplo articulado na Internet. O que me frustra é que estou pensando nisso há tanto tempo, e participando das outras tentativas há tanto tempo, que gostaria de trabalhar diretamente nisso, e que, quando a coisa toda viesse à tona, não parecesse que foi por acaso.
Deve ser culpa minha.
Bom, minha instalação do Pivot sofreu um ataque de spam nos comentários (que já foi contido e tratado), no mesmo momento em que minha vida está complicada de administrar, com problemas financeiros, situações familiares delicadas e urgências de trabalho. Estou bastante ausente por muitas vezes não ter energias pra lidar com isso tudo. Enquanto me cuido, muitas coisas boas têm acontecido também:
1) Milene Pimentel, a minha doce bailarina-borboleta (um presente que já vai completar 6 meses), veio morar em Brasília, comigo. É uma grande adaptação, com um bom nível de desafio para ambos, claro, mas estou muito feliz pela companhia dela. Esperem até vê-la dançando pela cidade. 🙂
2) Finalmente eu e o Duende encontramos as pessoas que faltavam para iniciar um movimento de RPG em Brasília: o Capital RPG. Com o afinco da Luciana Souza, do Lucas Pignaton, do Valberto e de outras figuras do meio brasiliense, começamos encontros e oficinas para agregar a comunidade de narradores de RPG (a I Oficina de Aprimoramente de Mestres e Narradores de RPG rolou nesse domingo e foi massa demais). A partir daí o céu é o limite. 🙂
3) O movimento de Imaginários continua dando seus passinhos para ganhar força – de maneira emergente, como sempre. A Luana Selva resolveu agitar nossas poesias e iniciaremos Rodas de Imaginários em bares da cidade. Além disso, voltaremos com festejos na casa do Duende neste sábado, instituindo o dia 1 de abril como o Dia de Imaginários. Muitas outras coisas acontecerão (dando visibilidade pras nossas intenções) assim que o site Imaginarios.net estiver no ar. Aguardeeeeeem. Libertem e misturem seus sonhos!
4) Estamos contratando mais pessoas para trabalhar na Plataforma Agregadora. Já tem bastante coisa sendo desenvolvida. Mais pro meio do ano teremos muito o que mostrar. Além disso, nossa estratégia para a Internet e a Intranet do Ministério da Cultura está cada vez mais coesa e interessante. Resta agora meter a mão na massa.
5) Sinto que aquele movimento de mutirão e remix agregado no Projeto Metáfora está aos poucos voltando a se encontrar numa base muito mais independente do que a que nos permitimos quando o projeto dos Pontos de Cultura decolou. Metareciclagem, Overmundo e Conversê, Colab, Xemelê, e em breve os Imaginários. Há muito por vir, e não tenho mais medo de que a sincronicidade morra – basta manter o coração ligado na rede.
6) Muitas outras coisas podem acontecer. A gente faz nossa estrada. Muita saudade de Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro (estive ausente algumas semanas, mas devo voltar com mais calma), muita vontade de ajudar nas produções do Multirão Cultural, e quem sabe, até ter um pouco mais de tempo para escrever minhas próprias fábulas.
É isso. Disseram que 2006 é o ano da colheita. Find me in the field.
Com certeza eu sofreria menos.
Convidada de hoje | A incrível Luciana “Senhorita RPG” Souza.
1) Seja uma potência militar e demonstre isso.
2) Torne-se o grande articulador econômico numa região estratégica, fundamentalmente na área energética.
3) Auxilie os governos da região a controlar movimentos sociais e econômicos “subversivos” (ex.: pirataria, movimento sem-terra, etc).
3.1) Utilize este pretexto para instalar um posto de inteligência no país.
3.2) Aumente gradualmente a infra-estrutura deste “posto” no país. Ex.: Centros de detenção.
3.3) Deixe a operação deste posto a cargo da própria elite militar deste país, sob supervisão de um eixo de controle.
3.4) Combata a publicidade sobre estas ações
4) Promova sua cultura nos outros países, sempre através das mais novas tecnologias de comunicação.
4.1) Torne-se proprietário de grandes espaços culturais nestes países
4.2) Defenda uma política de direito autoral que facilite a produção e a circulação da sua cultura em outros países
4.3) Invista na publicidade de todas estas ações
5) Faça convênios de pesquisa e desenvolvimento com a rede universitária e com as principais empresas, subsidiando o intercâmbio de pesquisadores
5.1) Financie projetos que estimulem a pesquisa no ensino básico daqueles países
5.2) Invista na publicidade de todas estas ações
6) Jogo duplo, sempre.
~
Tô esquecendo alguma coisa?
Num certo dia de 2004, eu ouvi duas frases que ficarão (ficarão mesmo, e não “ficaram”) na lembrança. “O Jô Soares representa a idiotização da elite cultural brasileira” e “Pontos de Cultura não vai ser. Pontos de Cultura já é.” O autor das pérolas (que fazem sentido pra uma boa parte de amigos meus) foi o Preto Ghóez, um dos líderes do Movimento Hip-Hop Organizado do Brasil, falecido tragicamente naquele mesmo ano, num acidente de carro no Paraná. Com ele dividimos muitas cervejas e certezas. E eis que recebo um email, dizendo que o danado virou nome de rua. 🙂 Parabéns pra ti, negão. (a história foi reportada originalmente aqui e aqui)
SuprGlu. Surge algo mais parecido com o propósito do xemelê.
ATUALIZAÇÃO //
Caramba, mais de quinzena sem escrever. Acho que é o cansaço. Estou trabalhando triplicado, buscando dinheiro pra estabelecer uma vida mais tranquila aqui e ainda ajudar minha família, que está em Belo Horizonte passando dificuldades. Também me dói a saudade da companheira-borboleta… o tempo torna-se algo muito valioso quando você constata que de fato mais da metade da energia que gasta diariamente é com coisas não-vitais. Nós criamos um mundo estúpido. Muito estúpido. E quando tentamos torná-lo mais são, percebemos o quanto estamos sozinhos. Até porque toda sanidade é relativa.
Um viva bem forte para todo aquele que souber viver sem vaidade.