Acompanhar a vida das pessoas, “no futuro”?

14 Mar
2008


~ (sem título), de Ramon Martins.

Tiago Dória escreveu um post sobre o conceito de lifestream, e eu comentei por lá:

“No futuro? Já seguimos pessoas desde sempre. Quando você vê Globo, está seguindo pessoas, quando você ouve CBN, idem, quando você navega no Yahoo ou em qualquer outro site, quando você acessa o Internet Banking ou Kyte.TV, é sempre gente na outra ponta com um labirinto midiático separando-a de você. A mídia corporativa de rede não precisa me “permitir isso no futuro” pra eu ter foco nas pessoas. Lifestream também é uma conversa de boteco com um amigo de infância ou um papo arredio com uma velha no ponto de ônibus.

Toda essa brincadeira de acompanhar a mídia de rede e dissertar sobre novos espaços e suas bandeiras (“jaiku é melhor que twitter, Sofia?”) nos distancia de questões como:

(a) Quem controla a infra-estrutura do seu lifestream-bonitinho-cheio-de-bits usa o meu lifestream de que maneira para acumular riqueza? Eu concordo com isso?
(b) Como o Estado e a polícia vê o meu lifestream e me julga a partir dele? Terei de suprimir minha opiniões e atitudes controversas ou terei espaço para discutir a Lei?
(b) Se você não quiser ter um “lifestream” na mídia mais recente, as pessoas vão te tratar como se você não existisse? Haverá justiça social para “itinerantes digitais” ou serei taxado e tratado pela sociedade, pela Academia como “espécie em extinção”? “ah, tu não sabe o que é Android? tadinho, volta pro mato”
(c) Qual é a ética em tempos de sociedade hiperconectada? A ética da preguiça, como sempre?

Enfim. Não parece tão bonito quando a gente olha assim, né? Uma cerveja, um abraço e uma canção para este momento lindo. :)”

Ultimamente tenho pensado muito sobre a robotização de tudo… seu cachorro, seu carro, seu software de lifestream, a sua sogra – tudo com seu próprio lifestream interconectado a tudo na matrix via sensores. Seu dispostivo móvel de arquitetura aberta vai ter arduino embutido? O Android já já terá seu PureData? Se fazem um PD em javascript, tudo já terá um PD, na real.

Daqui a pouco o Google vai te mandar uma caixinha com sensores pra você plugar até a árvore em frente tua casa. daqui a pouco os sensores vão virar nano. Injeta no neném via Zé Gotinha. Lifestream chupando sua alma powered by alguma corporação, porque afinal é hyperconected a porra toda – patrocinado em nome da preguiça, claro. Presentes de algum deus para a família automatizada assistindo Zorra Total.

Sim. Uma galera vai prezar pelo livre/comunitário, mas a ansiedade do conforto estará lá direcionando esforços. Pra uma outra galera não vai fazer diferença. contando que automatize meus vícios, e o resto que se foda. “Esse povo hippie buscando ouvir Gaia peladão no mato é tudo louco!”. A rede mundial de lifestreams, thingstreams, petstreams e earthstreams é o novo paralelo 14 das elites? Não sei. Só sei que nem isso é novidade (via efeefe).

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