Produção Multimídia, Narrativas Livres e Ativismo Open-source, por Daniel Pádua
O que dizer? Está tudo por um fio. Todo esse circo armado por quatro anos… meu trabalho com democratização de mídia, cultura, imaginários ou como você queira chamar. As coisas continuam acontecendo, claro, mas fiquei um passo atrás. Uma parte do bando foi para um lado, outra parte gosta de ficar quieta em seu canto, outra simplesmente anda conforme sente o chão firme. E eu? O que me tornei? Uma espécie de heremita com quem é bom tomar uma cerva e colher algumas impressões talvez geniais, talvez inócuas? Um palhaço nerd, ou um nerd palhaço? Quatro anos alimentando uma linguagem que quer dizer algo, mas que poucos entendem. Olho ao meu redor e vejo todos os sentimentos, simples sentimentos que todo ser humano tem: medo, ambição, curiosidade. Redescubro meu corpo, minha mente, e sinto preguiça dessa caixinha bege eletrificada. Durmo e acordo ao lado de alguém que provavelmente não suportarei amanhã, porque minha mente anda muito, muito ocupada. Devo mais dinheiro, acho que estou investindo num próximo passo, mas não sei se acredito mais nas pessoas. Nessas pessoas. Ouço alguém dizer que numa oficina de vídeo nem olham nos olhos de quem está aprendendo. E lembro do carinho gratuito que recebo aos sábados. A revolução é sensível, eu sempre disse. Mas é o dinheiro que move montanhas. É o medo que constrói casas com cerquinhas brancas. A inércia é uma característica fundamental da matéria, dizia minha professora de ciências. É fácil ficar inerte, é fácil seguir num caminho, falar apenas uma língua, brincar somente com alguns. É fácil? Pra mim não. E por isso eu sou o "louco dpadua", o da "turma filosófica", o "enrolado" que tenta fazer o que ninguém acha importante. Por isso eu sou apenas um sonho, tão fugaz quanto a fumaça desse cigarro que acabo de apagar.
Então vem um novo ano, tão incerto quanto o alvo de um raio. E a matéria continua escorregando cega nas dobrinhas desse planeta lindo.
2 Responses to O bonde dos inertes
ge
outubro 4th, 2006 at 15:10
just…
não apague o cigarro.
deixe que a fumaça se espalhe por onde quiser.
por onde for… por onde o fluxo do vento mandar.
deixe queimar até que não sobre mais nenhuma chama.
:*
Cesar Cardoso
outubro 7th, 2006 at 16:48
C’est la vie. Bola pra frente, que o que fica parado é poste. E vamos ver onde isso vai parar.