Por delicadeza

19 Jul
2005

Mocidade presa

A tudo oprimida

Por delicadeza

Eu perdi a vida.

Ah! Que o tempo venha

Em que a alma se empenha.

Eu me disse: cessa,

Que ninguém te veja:

E sem a promessa

De algum bem que seja.

A ti só aspiro.

Augusto retiro.

Tamanha paciência

Não irei esquecer.

Temor e dolência,

Aos céus fiz erguer.

E esta sede estranha

A ofuscar-me a entranha.

Qual o Prado imenso

Condenado a olvido,

Que cresce florido

De joio e de incenso

Ao feroz zunzum das

Moscas imundas.

~ Arthur Rimbaud

1 Response to Por delicadeza

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daniel duende

julho 19th, 2005 at 12:34

eu prefiro a tradução de Augusto de Campos que diz:

“Inútil beleza
A tudo rendida
por delicadeza
perdi minha vida…”

Só nós resta ser nós mesmos,
pois nada mais serve,
nada mais se presta
a ser vida. 🙂

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