9 Oct
2001

Felicidade geralmente vem acompanhada de boas lembranças, não é mesmo?

Pois muitas vezes eu páro para pensar o quanto idiota
é essa nossa forma de vida. Somos bebezões que choram o tempo todo para
ter esse ou aquele brinquedo, essa ou aquela pessoa. Que inútil é
pensar que poderíamos ser felizes concentrando nossos anseios em propriedades, quando na verdade somos movidos por experiências.

O
homem é um ser que vê o mundo através de símbolos e os próprios
símbolos só adquirem significado quando são vistos subjetivamente.
Portanto, não é o carro que nos deixa felizes, é a sensação de posse.
Não é o abraço da mãe que deixa a criança feliz, é a sensação de zelo.
Não é o MP3 do Clawfinger que me deixa feliz, é a sensação de liberdade
para ouvir uma música do meu gosto. Tudo o que é tangível ou intangível e nos é apresentado, provoca uma experiência. Estas experiências provocam sensações, que nutrem a essência humana, e nos fazem evoluir.

E estas sensações são reais
na medida da realidade da experiência. Ver uma novela de adolescentes é
menos real do que fazer uma viagem com os amigos. Assistir a um filme é
menos real do que experimentar a violência no subúrbio. Falsificamos
nossa evolução com experiências que não são autênticas, mas que são
encenadas, o que significa que não podem ser realmente vividas. Apenas
a vivência direta da experiência pode fixar uma sensação à essência de
uma pessoa.

Por que dizer tudo
isso? Porque passamos a vida gastando tempo com momentos que não são
autênticos. Escolhemos a roupa no shopping, compramos um carro,
desejamos uma modelo – tudo em nome da perfeição. Ora, se vivemos um
mundo imperfeito, isso significa que estamos encenando experiências. E isto não nos fará evoluir.

A experiência é a única moeda verdadeira da raça humana. Enquanto trabalhamos e corremos para ter usar algumas sucatas, as experiências de verdade – amizade, aprendizado, amor, orgulho (o bom, claro), confiança – são tratadas como subprodutos.

Criem uma nova lógica de vida! Procurem buscar as suas experiências usando as experiências dos outros como moeda. Ajudem-se!
Cada um cuida de sua própria estrutura de experimentar e recorre ao
próximo para consolidá-la. Afinal de contas os outros também fazem
parte da experiência. Nós não dependemos dos outros para viver, de fato
nós precisamos deles para sermos felizes.

O valor das boas experiências é lição que pode libertar, enquanto a experiência fingida da posse e da perfeição só traz o sofrimento, a frustração.

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